quarta-feira, 25 de novembro de 2015
















INTERPRETAÇÃO TEXTUAL



DE OLHO NO TEXTO – COMPREENSÃO (pág.: 16 e 17)

1-Releia o texto: “Piolhos e liberdade para ser Curumim” e responda às questões no caderno.

a) Qual é o nome do livro? E da editora que o publica?
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b) Quantas páginas tem esse livro?
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c) Qual é o significado da palavra curumim?
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d) Onde Daniel Munduruku buscou inspiração para os contos que escreveu nesse livro?
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e) Que lição transparece nos textos dele?
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f) A resenha cumpriu seu papel, ou seja, deixou você com vontade de ler o livro? Por quê?
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     2-Leia mais esta resenha: "Negócios à parte” e responda as questões no caderno.

a) Qual é o nome do livro divulgado?
b) Qual é o nome do autor do livro? E da editora que o publica?
c) Qual foi a herança de João Felizardo?
d) Por que os negócios de João parecem estranhos?
e) O autor da resenha dá algumas razões para ler o livro. Quais são elas?
f) As razões apresentadas convencem o possível leitor? Por quê?
g) Você leria esse livro? Por quê?

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - LENDA


A vitória-régia

      Numa noite de verão, a lua cheia iluminava a aldeia indígena como se fosse dia. Para apreciar a beleza do luar, o chefe saiu para dar uma volta. Quando as crianças viram o velho caminhando em direção à lagoa, correram atrás dele. O índio estava contemplativo, mas as crianças queriam ouvir uma daquelas histórias que ele sabia contar tão bem.
      O chefe apontou uma das estrelas do céu e disse às crianças:
      “Aquela é a índia Mani; a outra mais no alto, é Janã.”
      Depois voltou o olhar para o meio do lago, em silêncio.
      “Por que o senhor olha tanto para o lago?”, perguntou Maíra.
      “Estou olhando para Araci”, respondeu, apontando uma vitória-régia.
      “Araci! Só estou vendo uma vitória-régia!”, espantou-se Sauê.
    “Vocês não conhecem essa história? Então, esta noite vou contar a lenda da vitória-régia.”
      Há muitos anos, vivia na aldeia uma garota sonhadora chamada Araci. Estava sempre pensando numa lenda que dizia que a mulher que conseguisse tocar a Lua iria se casar com o mais belo guerreiro. Muito ingênua, Araci vivia subindo no topo dos morros e nas árvores mais altas na tentativa de alcançar a Lua.
      Numa noite como essa, ela passeava junto à lagoa, quando viu o reflexo da Lua na água. Imaginando que a Lua tivesse descido para ser tocada, mergulhou no lago e foi nadando na sua direção. Mas quanto mais ela nadava, mais a imagem se afastava. Estava muito longe da margem quando, decepcionada, resolveu voltar. Araci começou a nadar com afobação, perdeu o fôlego e morreu afogada no fundo das águas.
      A Lua assistiu à cena e sentiu remorso. Já que não podia se tornar um lindo guerreiro para se casar com Araci, faria dela uma flor diferente, a mais bela de todas, e transformou o corpo da moça na vitória-régia. E parece que ela tem poder, porque muitas garotas se enfeitam com as suas pétalas para arranjar namorado.

SALERNO, Silvana. Viagem pelo Brasil em 52 histórias. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2006. p. 34-35.

De olho no texto A vitória régia

1. No início da história, as crianças estavam seguindo um índio. O que elas queriam com ele?

2. Releia:
Quando as crianças viram o velho caminhando em direção à lagoa, correram atrás dele. O índio
Estava contemplativo, mas as crianças queriam ouvir uma daquelas histórias que ele sabia contar tão bem.

Marque o sentido da palavra contemplativo nesse trecho:
(    ) pensativo
(    ) dando algo a alguém
(    ) brigando

3. As lendas costumam explicar fenômenos da natureza. Qual o fenômeno que esta lenda tenta explicar?

4. Quem era Araci e como era a lenda com a qual ela vivia sonhando?

5. Qual foi o fato que fez com que a índia se enganasse e mergulhasse na lagoa?


6. O que aconteceu com Araci quando ela percebeu que quanto mais nadava, mas a imagem da
Lua se afastava?

7. O que a Lua fez com Araci no final?

8. Pensando nesse final, explique este trecho da conversa entre o chefe índio e as crianças:
Depois voltou o olhar para o meio do lago, em silêncio.
“Por que o senhor olha tanto para o lago?”, perguntou Maíra.
“Estou olhando para Araci”, respondeu, apontando uma vitória-régia.

9. Retire do texto:
- A descrição de Araci.
- A descrição da vitória-régia.
- A descrição da noite em que as crianças conhecem a lenda.



INTERPRETAÇÃO DA LENDA: O AÇAÍ

      Em tempos remotos, havia no local onde surgiria, mais tarde, Belém do Pará, uma tribo que, devido à escassez de alimentos, vivia sempre em grandes dificuldades. E como a tribo aumentava dia a dia, o cacique Itaki reuniu sua gente, fazendo sentir a grande crise que viria, caso seu povo continuasse a aumentar.
      Resolveu, de comum acordo com os mais velhos guerreiros e curandeiros, sacrificar toda criança que nascesse a partir daquele dia. Talvez devido à tal medida, passaram-se muitas luas  sem nenhuma criança nascer. Porém, um dia, Iaçá, a filha do cacique Itaki, concebeu uma linda criança. Entretanto, não demorou muito para o Conselho Tribal se reunir e pedir o sacrifício da filha de Iaçá.
      Seu pai, guerreiro de palavra, não hesitou em dar cumprimento à sua ordem. Ao saber da sorte de sua filha, Iaçá implorou ao pai que poupasse a vida da filha, pois os campos estavam verdejantes e a caça não tardaria a aumentar na região. O cacique Itaki, porém, manteve sua palavra e a criança foi sacrificada.
     Iaçá trancou-se em sua tenda, ficando ali por quase dois dias de joelhos, rogando a Tupã que mostrasse a seu pai uma maneira pela qual não fosse preciso repetir o sacrifício de inocentes.  Alta hora da noite, porém, ouviu Iaçá um choro de criança.
    Aproximou-se da porta da tenda e, então, viu sua filha sorridente ao pé de uma esbelta palmeira.  A princípio, ficou estática. Depois, em correria louca, lançou-se em direção à filha, abraçando-se a ela, mas deparou-se com a palmeira, pois, misteriosamente, a criança desaparecera. Iaçá, inconsolável, chorou copiosamente. 
      Itaki, ao consolar a filha, notou que a palmeira tinha um cacho de frutinhas pretas. Ordenou que fosse apanhado e amassado, obtendo, assim, um líquido avermelhado. Agradeceu a Tupã e, invertendo o nome da sua filha Iaçá, batizou a bebida de Açaí, suspendendo em seguida, o sacrifício das crianças que nascessem na tribo.
      E vieram os anos. A bebida vermelha veio a fortalecer gerações de guerreiros e caboclos. 
    Belém tornou-se metrópole e, até hoje, seus habitantes tomam o líquido dessa palmeira nativa e se sentem fortalecidos graças às lágrimas de sangue da índia Iaçá. 

Disponível em: <www.amazonialegal.com.br/lendas/acai.htm>. (Adaptado.)



Interpretação textual: O açaí

 Responda às questões:

1. Qual o motivo que levou a tribo a passar por dificuldades?

2. Qual foi a solução proposta pelo cacique Itaki?

3. Explique com suas palavras o trecho abaixo:

Porém, um dia, Iaçá, a filha do cacique Itaki, concebeu uma linda criança.

4. O que o cacique e o Conselho Tribal fizeram com a filha de Iaçá?

5. O que Iaçá fez para tentar convencer o pai a não matar sua filha?

6. O que aconteceu com a filha de Iaçá depois de morta?

7. De acordo com a lenda, o que Iaçá fez para impedir que se repetisse o sacrifício de inocentes?

8. As lendas indígenas costumam explicar a origem de elementos da natureza.

a) O surgimento de qual elemento da natureza essa lenda tenta explicar?

b) Por que a fruta recebeu esse nome?

9. A partir da leitura da lenda, descreva a bebida açaí.



INTERPRETAÇÃO TEXTUAL = CONTOS DE ARTIMANHAS


      O Barão Rói-unhas e o velho criado

      Continuando a caminhada, Pedro Malasartes encontrou um homem já idoso, vestindo roupa de criado de casa rica. Caminhava lentamente e se lamentava em voz alta:
      –– Ai, meu Deus, que ingratidão! E ainda devo trazer meu irmão! Ai, meu Deus, que ingratidão!
      Compadecendo-se do pobre andarilho, Pedro perguntou pela causa daqueles lamentos. O velho explicou:
      –– Durante vinte anos fui empregado do Barão Rói-unhas, cuja casa se pode ver no alto daquele monte. Havíamos combinado que eu nunca me poderia zangar ou deixar de cumprir qualquer de suas ordens, sob pena de perder todos os ordenados já ganhos. Consegui cumprir as ordens que me deu, menos uma. Portanto, não me pagou vinte anos de trabalho, e, agora, devo mandar meu irmão mais novo para me substituir no serviço.
      Pedro, como sempre, decidiu-se num momento:
      –– Pois vou cuidar de emendar esse homem! Vamos ao barão e o senhor dirá que sou o seu irmão. E, pelo caminho, diga-me qual foi a ordem que não pôde cumprir.
      –– A ordem que não pude cumprir foi a de levar a sala para dentro do quarto sem passar pela porta.
      –– Levar a sala para dentro do quarto sem passar pela porta?! Muito bem, já sei como é que podemos dar uma lição a esse prepotente!
      Chegando lá, o velho criado apresentou Pedro Malasartes ao proprietário como sendo o seu irmão, vindo para substituí-lo no serviço. O barão, satisfeito com o ar ingênuo que Pedro arranjou para aquele momento, respondeu que aceitava o novo criado, o qual começaria imediatamente a trabalhar, sob as mesmas condições, perdendo todas as moedas se deixasse uma só ordem por cumprir.
      Em seguida, querendo experimentar o novo criado, ordenou:
      –– Há muito tempo não vou à caça e meus cães estão ficando preguiçosos. Você vai levá-los para passear no campo. Tome cuidado, porque são muito bravos. Com uma dentada cortam a canela de um touro! Mas também não admito que você os castigue. Se não quiserem correr, você não poderá bater nos bichinhos, mas, se saírem correndo, você não poderá segurá-los nem amarrá-los. Entendido?
      Pedro respondeu que sim e saiu. Os cães estavam mesmo tão preguiçosos, tão gordos que não houve palavras, assobios ou convites capazes de movê-los. O barão avisou:
      –– Se dentro de cinco minutos esses cães não estiverem correndo, e tão velozes como o vento, você estará perdido!
      Pedro é que correu, mas para o fundo do parque. Agarrou pelas orelhas um coelhinho, ao qual disse como se pudesse ser entendido:
      –– Não tenha medo, pois aqueles cães estão gordos demais para poder fazer algum mal a você. É só para que movam as pernas...
      Passou pelo canil, abriu a porta e soltou o coelho bem à vista dos cães. Foi uma corrida que só vendo! Mesmo gordos e preguiçosos, os cães de caça não deixariam escapar um coelho assim sem mais nem menos! O barão, muito curioso, ansiando por assistir à confusão de Pedro, estava no caminho dos animais. O coelho passou-lhe por entre as pernas, e os cães seguiram as pegadas do bichinho, atirando o homem ao chão e pisando-lhe o rosto. Pobre barão! Como se arrependeu daquela ordem dada com o único intuito de deixar Pedro em má situação!
      Enquanto isso, o coelho corria e pulava, pulava e corria tal como o bom Deus ensinou aos coelhos. Os cães, desacostumados, cansaram-se logo. Pedro, calmamente sentado à sombra, esperou a hora da comida. Vestiu, então, o gorro do cozinheiro e, com uma panela vazia na mão, começou a andar de um lado para o outro no pátio. Os cães, habituados a receber a comida das mãos do cozinheiro, gastaram o resto de suas forças em correr para casa. Assim que entraram,
      Pedro atirou fora o gorro e foi dizer ao barão:
      –– Já passearam bastante. Qual é a próxima coisa a fazer?
      O barão bufava, mas já tinha pronto outro plano: mandou Pedro recolher o mel das colmeias, mas não lhe deu luvas nem máscara para proteger-se, como é de uso nesse serviço. 
      Cedinho, Malasartes colheu todas as flores que encontrou e deixou-as junto à janela do barão. Não demorou que as abelhas, cuja colmeia ficava perto, viessem zumbir em redor daquelas flores e sugar-lhes o néctar, permitindo que o rapaz recolhesse calmamente o mel. Quando Pedro voltou, assobiando, todo satisfeito, o barão, admirado, abriu a janela para ver o que se passava. As abelhas, receosas de que a intenção do homem fosse expulsá-las, não tiveram pena dele e o castigaram tanto que foi preciso chamar um médico.
      Pedro riu até não poder mais!
      Porém, o Rói-unhas, percebendo que lidava com um jovem muito esperto, tratou de livrar-se dele o quanto antes. Ordenou a Pedro que levasse a sala para o quarto sem passar pela porta. Estava certo de que Malasartes não encontraria uma solução.
      O rapaz não necessitou de que a ordem fosse repetida. Tomou o machado e, debaixo do olhar abismado do barão, fez em pedaços a mesa, as cadeiras, o guarda-comidas, o piano, os quadros, tudo enfim que se encontrava na sala. Em seguida, pela janela aberta, atirou os pedaços para dentro do quarto.
      –– Pronto, a sala já está todinha no quarto. Agora, para alegrar o senhor barão, vou trazer todo o quarto para a sala, também sem passar pela porta. Quer ver?
      –– Não, não, pelo amor de Deus! – gritou o barão. – O que desejo é que você desapareça daqui quanto antes. Tome o seu dinheiro!
      Pedro não aceitou e não saiu dali enquanto o barão não lhe entregou também o dinheiro devido ao velho criado pelos vinte anos de bons serviços.

DONATO, Hernani. Novas aventuras de Pedro Malasartes. São Paulo: Melhoramentos, 2005. p.18-23.


De olho no texto     O Barão Rói-unhas e o velho criado
1. Pedro encontrou pelo caminho um homem que reclamava sobre a ingratidão do patrão. Porque ele reclamava dessa ingratidão?

“–– Pois vou cuidar de emendar esse homem!”
- O que ele quis dizer com isso?

3. Quando foi aceito como empregado, quais foram as condições impostas a Pedro pelo Barão?



4. Encontre as 3 tarefas dadas a Pedro pelo Barão. Escreva a tarefa e como Pedro conseguiu cumpri-la.
- 1ª tarefa:

Como a cumpriu:

- 2ª tarefa:

Como a cumpriu:

- 3ª tarefa:

Como a cumpriu:

5. Por que o Barão não quis que Pedro terminasse a última tarefa?


6. No final da história, Pedro consegue resolver o problema do velho criado que se lamentava?
Como?

7. Como Malasartes resolve os seus problemas?
(      ) usa a força bruta
(      ) usa de esperteza
(      ) usa bons argumentos

8. Nas histórias de Malasartes, quem parece ser o mais esperto no começo continua sendo no final? Justifique.

Pedro Malasartes

      Um dia chegou para Malasartes a hora de ir para o outro mundo, e de nada lhe valeu a esperteza; teve que marchar. Quando se viu no estradão da eternidade, pensou no que faria e resolveu, em primeiro lugar, ir bater à porta do céu.
      Lá foi; mas São Pedro, assim que o enxergou, deu-lhe com a porta na cara. Então deliberou ir ao inferno; foi, bateu, mas o porteiro, dando com o homem que surrava até os diabos, tratou de fechar o portão com quantas trancas havia e foi correndo avisar o seu rei.
      Houve um rebuliço dos diabos no inferno: pavor e correrias por todos os cantos. O próprio Satanás tremeu; mas, recuperando o sangue frio, pensou, pensou e ordenou que se deixasse entrar o hóspede. E disse-lhe:
      – Eu não quero você no inferno, Malasartes; você, além do que já fez, ainda é capaz de vir aqui revolucionar a minha gente.
       – Tenha paciência, seu Satanás, mas aqui estou e aqui fico.
      – Então vou fazer uma proposta: que se decida o seu destino pela sorte do jogo. Aceita?
      – Feito!
      – Se você perder, irá diretinho para o caldeirão.
      – Está dito. E se eu ganhar, você me paga com uma das almas que lá estão fervendo.
      Começaram o jogo, e cada qual fazia o possível para passar a perna no outro. Mas Pedro Malasartes era mais esperto e ganhou a primeira partida, depois a segunda e assim outras. Satanás, vendo que não podia derrotar o parceiro e que ia perdendo almas sobre almas, postas em liberdade por Malasartes, mandou botar o insuportável para fora do inferno.
      Malasartes andou vagando como alma penada, muito tempo, sem saber onde havia de se aboletar. Até que um dia teve uma ideia e tocou de novo para o céu. Chegando à porta do céu, tomou uns ares muito humildes, e bateu devagarinho. São Pedro abriu um postigo, enfiou a cabeça e perguntou:
      – Quem bate a estas horas?
      – Sou eu, meu santo…
      – Eu, quem? Diga o que quer, e toca!
      – Será possível que o meu santo padroeiro não me reconheça... Pois eu sou o Pedro Malasartes.
      – Malasartes?! Outra vez?! Já não lhe disse que o seu lugar não é aqui?
      – Não se zangue, meu santo, meu grande santo... Sei muito bem que nunca entrarei neste lugar de glória...
      – Então vamos ver, o que quer?
      Malasartes, com muita brandura e muita lábia, pediu ao santo que entreabrisse ao menos a porta, um bocadinho, só para que pudesse espiar por um momento a beleza do céu. Tanto pediu e tanto fez que São Pedro o atendeu. Então, mais que depressa Malasartes atirou o chapéu pela fresta.
      São Pedro bufou e descompôs o patife, e tanto barulho fez que começaram a ajuntar-se magotes de anjos e de justos ali junto da porta.
      Acontece que o chapéu era um objeto terreno, além de estar muito sujo, e ninguém no céu lhe podia tocar. Mas Pedro Malasartes reclamava o chapéu, não abria mão, e enfim, para encurtar, não houve jeito senão, permitir-lhe que entrasse. E o malandro entrou, muito contente, com ar vitorioso. 
       Mas o atrevimento não ficou sem castigo. Levaram o tal para junto de um monte enorme de milho e mandaram-no contar os grãos um por um. Malasartes, que remédio! Começou a contar, a contar, a contar, e levou um mundo de tempo a amontoar os grãozinhos para um lado.
      Quando já estava acabando a contagem, veio um anjo e misturou tudo. E Malasartes teve de contar de novo… E até hoje lá está contando e recontando os grãos de milho, sem acabar nunca.

Amadeu Amaral. Três aventuras de Pedro Malasartes no céu. Disponível em: <http://www.jangadabrasil.com.br/marco/im70300b.htm>


De olho no texto- Pedro Malasartes

1. No início da história, Pedro teve que ir para o outro mundo. O que significa isso?

2. Por que Pedro não é bem recebido no céu e tampouco no inferno?

3.  Qual foi o trato feito com o diabo para poder entrar no inferno?


4. Esse trato foi respeitado? Por quê?

5. Como Malasartes consegue entrar no céu?

6. No final da história, como Pedro acaba arrumando um jeito de ficar no céu para sempre?

7. Como Malasartes consegue vencer o diabo no inferno e entrar no céu?
(   ) usa a força bruta
(   ) usa de esperteza
(   ) usa bons argumentos


8-Conheça outro conto de Pedro Malasartes e circule as 15 palavras que estão com a grafia errada. Depois reescreva-as corretamente.

  Órfão de pai, Malasartes viu morer sua mãe, ficando muito triste. Mas, semdo ardiloso por natureza, do próprio cadáver quis aproveitar e ganhar mais dinheiro. Saiu comele e escondeu-o  nuns capims, perto de um pomar. O dono desse pomar era homem rico e violemto, tendo conprado uma matilha de cachoros ferozes para a defesa das frutas. Ao anoitecê, Malasartes levô  o corpo da velha e sacudiu-o por cima da cerca. Os cachorros acudirão imediatamente ladrando  e mordemdo. Nesse momento, Malasartes começou a gritá pelo dono do pomar, e quando este  apareceu acusou-o de haver assassinado sua mãe, velhinha inofensiva que entrara no sítio para  apanhar um graveto de lenha. Sabendo da ferocidade dos cachorros, Malasartes correra para  empedir, mas já chegara tarde. O dono do pomar, cheio de medo, pagou muito dinheiro e aimda  encarregou-se de enterar a velha com toda a decência.

CASCUDO, Luís da Câmara. Contos Tradicionais do Brasil.(Adaptado para fins didáticos)



A TORRE DAS MIL TRISTEZAS

        Um dia, faz luas e luas, a terceira esposa do califa Harun al-Rachid deu à luz uma princesa que foi chamada de Maimara. A criança, coitada, era de uma feiura incomum e, ao crescer, esse defeito só se acentuou. Seu pai, consternado, solicitou a opinião dos maiores médicos do Oriente. Uns aplicaram à garotinha cremes unguentos que inflamaram sua pele; outros mais lhe prescreveram tisanas que turvaram sua tez, amarelando sua língua e desbotaram seus cabelos. Em suma, os cuidados deles não só foram inúteis como a enfearam mais ainda – se é que isso era possível.
        Diante da impotência dos remédios terrestres, o califa recorreu ao Céu. Arrecadou um imposto para construir uma mesquita a fim de atrair as boas graças de Alá e decretou um jejum ilimitado. De dia como de noite, preces se elevavam ao Altíssimo. Queimaram incenso, fizeram penitência, sacrificaram cordeiros recém-nascidos, tudo em vão: a aparência da princesa não melhorou, muito pelo contrário.
      Quando ela fez quinze anos, sua falta de graça era tanta que, apesar do véu, ninguém conseguia olhar para ela sem estremecer.
        Ora, um dia, uma velha apresentou-se ao califa.
      “Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio chegou a mim. Tenho alguns dons legados por minha mãe, que era fada. Quem sabe eu poderia vir em seu socorro?” Com o coração cheio de esperança, Harun al-Rachid levou a visitante aos aposentos de sua filha.
        Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha suspirou: “Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava. Não está em meu poder mudar o seu rosto, minha pobre filha, a não ser, porém, quando as lágrimas o inundarem. Então, e só então, as suas deformidades se apagarão e suas feições se tornarão agradáveis. Mas assim que suas lágrimas secarem, você retornará à aparência habitual.”
      Ao ouvir essas palavras, a princesa caiu no choro. Logo seu nariz encolheu, seus lábios afinaram, seus olhos foram rodeados de longos cílios. Faces delicadas, um lindo queixo redondo, uma fronte lisa e arredondada substituíram suas feições medonhas. Em suma, ela ofereceu, diante dos olhos maravilhados de seu pai, o espetáculo encantador de uma beleza sem falhas.
      O olhar com que ele a gratificou era tão eloquente que, sem perder um instante, Maimara pediu um espelho. Ao ver ali seu deslumbrante reflexo, sentiu tanta alegria que suas lágrimas secaram. No mesmo instante, assim como a velha previra, ela voltou a ser feia. A tristeza que sentiu a fez chorar – e, como por encanto, ficou bonita de novo. O que a alegrou, a enfeou, e assim por diante.
      Imaginam-se facilmente por que pavores passou o califa, testemunha dessas mudanças sucessivas. Tal como fenômeno “moto-contínuo”, a alternância da beleza e da feiura da princesa poderia durar eternamente se o pai não lhe tivesse arrancado o espelho. Então, frustrada, Maimara chorou sem parar, para grande alívio do pai.
      Infelizmente, quando ficou sabendo do prodígio, toda a corte quis assistir à transformação.  Os nobres se amontoavam em volta da pobre coitada, e o mecanismo infernal recomeçou. Como os gritos de admiração provocados por sua metamorfose a consolaram, Maimara reencontrou tanto o sorriso quanto o rosto horroroso. E esse semblante foi acolhido com exclamações de horror, que a entristeceram. E, na mesma hora, isso a embelezou. Uma chuva de aplausos saudou a mudança.
        Como é de imaginar, que se divertissem assim com a princesa não foi do agrado do califa.
      Portanto, ele logo dispersou a plateia e, disposto a subtrair Maimara da curiosidade de seu círculo, mandou trancá-la numa torre alta sem porta nem janelas, tendo como única companhia uma aia cega.
      Passaram-se anos. Nenhuma visita foi distrair as reclusas, cuja comida era transportada toda noite dentro de uma cesta presa a uma polia, que elas içavam para seu retiro. Assim, a não ser o escravo encarregado de abastecê-las, todos a esqueceram.
      Naquele triste lugar, Maimara se aborrecia muito. Chorava sem parar e, por conseguinte, estava sempre bela – o que, porém, não a alegrava, pois todos os espelhos tinham sido banidos de seu ambiente. Mas nos países vizinhos correu o rumor de que no reino de Harun al-Rachid uma princesa de beleza incomum vivia trancada numa torre – apelidada “torre das mil tristezas” – de onde toda noite escapavam soluços, quando a moça confiava sua tristeza às estrelas. Esse rumor chegou aos ouvidos de Omar, príncipe de Samarcanda.  De temperamento ardente, ele resolveu soltar a cativa e torná-la sua esposa.Portanto, partiu numa bela manhã a fim de realizar seu projeto.
     Ao chegar ao pé da torre, ficou pensando como, afinal, penetraria ali, e de repente apareceu o escravo que levava as provisões. Quando o escravo dava um grito, a cesta descia, e ali dentro ele colocava carnes, frutas e vinhos finos; logo que a cesta estava cheia, subia pelas nuvens.
Foi assim que um plano audacioso germinou no espírito do príncipe. Ele esperou até o dia seguinte e, no momento do crepúsculo, deu o grito previsto. No mesmo instante a cesta apareceu. Ele se meteu ali dentro, baixou a tampa e foi içado para o alto da torre sem que a aia, que puxava a corda, desconfiasse da trapaça.
Qual não foi a surpresa de Maimara quando viu surgir um homem, em vez de seu jantar!
      O mar, maravilhado com sua graça – bem superior a tudo o que ele imaginara! – não demorou a declarar-lhe sua paixão. Ora, toda noite a princesa rezava a Alá para que um belo rapaz aparecesse e a livrasse de seu destino. Diante da realização de seu desejo, ela se mostrou transfigurada de felicidade… e ficou mais medonha do que nunca tinha sido. Quando lhe estendeu os braços cheia de arrebatamento, o horror do príncipe foi tamanho que ele recuou, tropeçou, caiu no vazio e quebrou o crânio.
      A partir desse dia, a princesa ficou de luto. Chorar aquele noivo perdido tornou-se seu único objetivo, sua única ocupação. E, como andava inconsolável, desde então o pai lhe permitiu voltar para a corte. E enquanto ela se debulhava em lágrimas, a toda hora, em qualquer lugar e em qualquer circunstância, todos a invejavam por possuir, apesar da falta de sorte, as três coisas a que a criatura humana mais aspira: a beleza, o amor e a liberdade.


GODULE. Contos e lendas das mil e uma noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 165- 172.


De olho no texto - A TORRE DAS MIL TRISTEZAS

1. Qual era o defeito da filha do califa Harun al-Rachid?

2. Procure no texto e liste abaixo algumas das tentativas do califa para resolver o problema da menina:
a) recorrendo a remédios terrestres:

b) recorrendo ao Céu:


3. Qual a personagem que tenta ajudar o califa? O que ela faz para amenizar o problema da princesa?

4. A partir desse encanto, explique por que começa a ocorrer a alternância da beleza e da feiura da princesa. O encanto foi eficiente?


5. Qual o fato que marca a vida da princesa no final, fazendo com que ela retorne ao castelo? O que a princesa sentiu nesse momento?

6. Esse é um conto que faz parte do livro As mil e uma noites. Se Sherazade estivesse contando a história, iria usar um recurso para prender a atenção do rei Shariar. Que recurso seria esse?

7. Se você tivesse que escolher um trecho da história lida para usar o recurso que Sherazade usa para prender a atenção do rei, que trecho você escolheria? Justifique sua resposta.

8) O autor escolheu verbos diferentes para indicar as falas das personagens. Confira:
 “Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio chegou a mim”.
Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha suspirou:
“Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava”.

Você já sabe que os verbos dicendi, ou seja, os verbos de dizer, podem ser diferentes ao longo  do texto, para transmitir o que as personagens fazem, como elas falam ou que estão fazendo. Escolha verbos diferentes para colocar nos textos abaixo. Mas, atenção: os verbos precisam combinar com a história!

“Comandante dos Crentes”, ela lhe _________________, “o eco do seu infortúnio chegou a mim”.

Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha _______________: “Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava”.


INTERPRETAÇÃO TEXTUAL DE BIOGRAFIA


Amácio Mazzaropi (1912-1981)
           Mazzaropi nasceu no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Aos 18 anos fugiu de casa  para acompanhar o espetáculo ambulante do faquir Ferris. Viajando pelo interior do país, teve a  ideia de fazer o papel de caipira. Em 1940, criou a sua Companhia de Teatro de Emergência, que   atuava no chamado Pavilhão Mazzaropi, um barracão de zinco que montava e desmontava.
        Depois, criou a Trupe Mazzaropi, com repertório fixo. Em 1948, foi contratado pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro, onde trabalhou no programa “Rancho Alegre”, dirigido por Cassiano Gabus Mendes.
         Convidado pela Vera Cruz, em 1951, fez seu primeiro filme: Sai da frente. Em 1958, com recursos próprios, comprou uma fazenda em Taubaté e montou a Pam Filmes —Produções Amá- cio Mazzaropi. O primeiro filme que fez foi Chofer de praça.
         No ano seguinte, com Jeca Tatu, encarnando o personagem criado por Monteiro Lobato, otípico caipira de calças pula-brejo, paletó apertado, camisa xadrez e botinas, conquistou a maior bilheteria do cinema nacional. O sucesso persistiu nas décadas de 1960 e 1970.
        A todo, Mazzaropi fez 32 longas-metragens, contando histórias que abordavam o racismo, a religião, a política e até a ecologia, com simplicidade e bom humor, falando “a língua do povo”, para o povo que o  adorava. Mesmo sendo considerado superficial pela crítica e pela elite intelectual, deixou uma marca indelével na cultura nacional. Seus filmes ainda atraem o público no interior do país e são encontráveis em vídeo e DVD.

Disponível em: educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u559.jhtm. Acesso em: maio 2009.