EDUCANDOS
Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
sábado, 5 de dezembro de 2015
domingo, 29 de novembro de 2015
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
DE OLHO NO TEXTO – COMPREENSÃO (pág.: 16 e 17)
1-Releia o texto: “Piolhos e liberdade para ser Curumim”
e responda às questões no caderno.
a) Qual é o nome do
livro? E da editora que o publica?
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b) Quantas páginas
tem esse livro?
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c) Qual é o
significado da palavra curumim?
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d) Onde Daniel
Munduruku buscou inspiração para os contos que escreveu nesse livro?
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e) Que lição
transparece nos textos dele?
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f) A resenha cumpriu
seu papel, ou seja, deixou você com vontade de ler o livro? Por quê?
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2-Leia mais esta resenha: "Negócios à
parte” e responda as questões no caderno.
a) Qual é o nome do
livro divulgado?
b) Qual é o nome do
autor do livro? E da editora que o publica?
c) Qual foi a herança
de João Felizardo?
d) Por que os
negócios de João parecem estranhos?
e) O autor da resenha
dá algumas razões para ler o livro. Quais são elas?
f) As razões
apresentadas convencem o possível leitor? Por quê?
g) Você leria esse livro?
Por quê?
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - LENDA
A vitória-régia
Numa noite de verão, a lua cheia iluminava
a aldeia indígena como se fosse dia. Para apreciar a beleza do luar, o chefe
saiu para dar uma volta. Quando as crianças viram o velho caminhando em direção
à lagoa, correram atrás dele. O índio estava contemplativo, mas as crianças
queriam ouvir uma daquelas histórias que ele sabia contar tão bem.
O chefe apontou uma das estrelas do céu e
disse às crianças:
“Aquela é a índia Mani; a outra mais no
alto, é Janã.”
Depois voltou o olhar para o meio do lago,
em silêncio.
“Por que o senhor olha tanto para o lago?”,
perguntou Maíra.
“Estou olhando para Araci”, respondeu,
apontando uma vitória-régia.
“Araci! Só estou vendo uma vitória-régia!”,
espantou-se Sauê.
“Vocês não conhecem essa história? Então,
esta noite vou contar a lenda da vitória-régia.”
Há muitos anos, vivia na aldeia uma garota
sonhadora chamada Araci. Estava sempre pensando numa lenda que dizia que a
mulher que conseguisse tocar a Lua iria se casar com o mais belo
guerreiro. Muito ingênua, Araci vivia subindo no topo dos morros e nas árvores
mais altas na tentativa de alcançar a Lua.
Numa noite como
essa, ela passeava junto à lagoa, quando viu o reflexo da Lua na
água. Imaginando que a Lua tivesse descido para ser tocada, mergulhou no
lago e foi nadando na sua direção. Mas quanto mais ela nadava, mais a
imagem se afastava. Estava muito longe da margem quando, decepcionada, resolveu
voltar. Araci começou a nadar com afobação, perdeu o fôlego e morreu afogada no
fundo das águas.
A Lua assistiu à cena e sentiu remorso. Já
que não podia se tornar um lindo guerreiro para se casar com Araci, faria dela
uma flor diferente, a mais bela de todas, e transformou o corpo da moça na
vitória-régia. E parece que ela tem poder, porque muitas garotas se enfeitam
com as suas pétalas para arranjar namorado.
SALERNO, Silvana. Viagem pelo Brasil em
52 histórias. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2006. p. 34-35.
De olho no texto A vitória régia
1. No início da história, as crianças estavam seguindo um índio.
O que elas queriam com ele?
2. Releia:
Quando as crianças viram o velho caminhando em direção à lagoa,
correram atrás dele. O índio
Estava contemplativo, mas as crianças queriam ouvir uma daquelas
histórias que ele sabia contar tão bem.
Marque o sentido da palavra contemplativo nesse trecho:
( ) pensativo
( ) dando algo a alguém
( ) brigando
3. As lendas costumam explicar fenômenos da natureza. Qual o
fenômeno que esta lenda tenta explicar?
4. Quem era Araci e como era a lenda com a qual ela vivia
sonhando?
5. Qual foi o fato que fez com que a índia se enganasse e
mergulhasse na lagoa?
6. O que aconteceu com Araci quando ela percebeu que quanto mais
nadava, mas a imagem da
Lua se afastava?
7. O que a Lua fez com Araci no final?
8. Pensando nesse final, explique este trecho da conversa entre
o chefe índio e as crianças:
Depois voltou o olhar para o meio do lago, em silêncio.
“Por que o senhor olha tanto para o lago?”, perguntou Maíra.
“Estou olhando para Araci”, respondeu, apontando uma
vitória-régia.
9. Retire do texto:
- A descrição de Araci.
- A descrição da vitória-régia.
- A descrição da noite em que as crianças conhecem a lenda.
INTERPRETAÇÃO DA LENDA: O AÇAÍ
Em
tempos remotos, havia no local onde surgiria, mais tarde, Belém do Pará, uma
tribo que, devido à escassez de alimentos, vivia sempre em grandes
dificuldades. E como a tribo aumentava dia a dia, o cacique Itaki reuniu sua
gente, fazendo sentir a grande crise que viria, caso seu povo continuasse a
aumentar.
Resolveu, de comum acordo com os mais velhos guerreiros e
curandeiros, sacrificar toda criança que nascesse a partir daquele dia. Talvez
devido à tal medida, passaram-se muitas luas sem nenhuma criança nascer.
Porém, um dia, Iaçá, a filha do cacique Itaki, concebeu uma linda criança.
Entretanto, não demorou muito para o Conselho Tribal se reunir e pedir o
sacrifício da filha de Iaçá.
Seu pai, guerreiro de palavra, não hesitou em dar cumprimento à
sua ordem. Ao saber da sorte de sua filha, Iaçá implorou ao pai que poupasse a
vida da filha, pois os campos estavam verdejantes e a caça não tardaria a aumentar
na região. O cacique Itaki, porém, manteve sua palavra e a criança foi
sacrificada.
Iaçá trancou-se em sua tenda, ficando ali por quase dois dias de
joelhos, rogando a Tupã que mostrasse a seu pai uma maneira pela qual não fosse
preciso repetir o sacrifício de inocentes. Alta hora da noite, porém,
ouviu Iaçá um choro de criança.
Aproximou-se da porta da tenda e, então, viu sua filha sorridente ao pé
de uma esbelta palmeira. A princípio, ficou estática. Depois, em correria
louca, lançou-se em direção à filha, abraçando-se a ela, mas deparou-se com a
palmeira, pois, misteriosamente, a criança desaparecera. Iaçá, inconsolável,
chorou copiosamente.
Itaki, ao consolar a filha, notou que a palmeira tinha um cacho
de frutinhas pretas. Ordenou que fosse apanhado e amassado, obtendo, assim, um
líquido avermelhado. Agradeceu a Tupã e, invertendo o nome da sua filha Iaçá,
batizou a bebida de Açaí, suspendendo em seguida, o sacrifício das crianças que
nascessem na tribo.
E vieram os anos. A bebida vermelha veio a fortalecer gerações de
guerreiros e caboclos.
Belém tornou-se metrópole e, até hoje, seus habitantes tomam o líquido
dessa palmeira nativa e se sentem fortalecidos graças às lágrimas de sangue da
índia Iaçá.
Disponível em: <www.amazonialegal.com.br/lendas/acai.htm>.
(Adaptado.)
Interpretação textual: O açaí
Responda
às questões:
1. Qual
o motivo que levou a tribo a passar por dificuldades?
2. Qual
foi a solução proposta pelo cacique Itaki?
3.
Explique com suas palavras o trecho abaixo:
Porém,
um dia, Iaçá, a filha do cacique Itaki, concebeu uma linda criança.
4. O
que o cacique e o Conselho Tribal fizeram com a filha de Iaçá?
5. O
que Iaçá fez para tentar convencer o pai a não matar sua filha?
6. O
que aconteceu com a filha de Iaçá depois de morta?
7. De
acordo com a lenda, o que Iaçá fez para impedir que se repetisse o sacrifício
de inocentes?
8. As
lendas indígenas costumam explicar a origem de elementos da natureza.
a) O
surgimento de qual elemento da natureza essa lenda tenta explicar?
b) Por
que a fruta recebeu esse nome?
9. A
partir da leitura da lenda, descreva a bebida açaí.
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL = CONTOS DE
ARTIMANHAS
O Barão Rói-unhas e o velho
criado
Continuando a caminhada, Pedro Malasartes encontrou
um homem já idoso, vestindo roupa de criado de casa rica. Caminhava lentamente
e se lamentava em voz alta:
–– Ai, meu Deus, que ingratidão! E ainda devo
trazer meu irmão! Ai, meu Deus, que ingratidão!
Compadecendo-se do pobre andarilho, Pedro perguntou
pela causa daqueles lamentos. O velho explicou:
–– Durante vinte anos fui empregado do Barão
Rói-unhas, cuja casa se pode ver no alto daquele monte. Havíamos combinado
que eu nunca me poderia zangar ou deixar de cumprir qualquer de suas
ordens, sob pena de perder todos os ordenados já ganhos. Consegui
cumprir as ordens que me deu, menos uma. Portanto, não me pagou vinte anos
de trabalho, e, agora, devo mandar meu irmão mais novo para me substituir
no serviço.
Pedro, como sempre, decidiu-se num momento:
–– Pois vou cuidar de emendar esse homem! Vamos ao
barão e o senhor dirá que sou o seu irmão. E, pelo caminho, diga-me qual
foi a ordem que não pôde cumprir.
–– A ordem que não pude cumprir foi a de levar a
sala para dentro do quarto sem passar pela porta.
–– Levar a sala para dentro do quarto sem passar
pela porta?! Muito bem, já sei como é que podemos dar uma lição a esse
prepotente!
Chegando lá, o velho criado apresentou Pedro
Malasartes ao proprietário como sendo o seu irmão, vindo para substituí-lo
no serviço. O barão, satisfeito com o ar ingênuo que Pedro arranjou para
aquele momento, respondeu que aceitava o novo criado, o qual começaria
imediatamente a trabalhar, sob as mesmas condições, perdendo todas as moedas se
deixasse uma só ordem por cumprir.
Em seguida, querendo experimentar o novo criado,
ordenou:
–– Há muito tempo não vou à caça e meus cães estão
ficando preguiçosos. Você vai levá-los para passear no campo. Tome cuidado,
porque são muito bravos. Com uma dentada cortam a canela de um touro! Mas
também não admito que você os castigue. Se não quiserem correr, você não
poderá bater nos bichinhos, mas, se saírem correndo, você não poderá segurá-los
nem amarrá-los. Entendido?
Pedro respondeu que sim e saiu. Os cães estavam
mesmo tão preguiçosos, tão gordos que não houve palavras, assobios ou
convites capazes de movê-los. O barão avisou:
–– Se dentro de cinco minutos esses cães não
estiverem correndo, e tão velozes como o vento, você estará perdido!
Pedro é que correu, mas para o fundo do parque.
Agarrou pelas orelhas um coelhinho, ao qual disse como se pudesse ser
entendido:
–– Não tenha medo, pois aqueles cães estão gordos
demais para poder fazer algum mal a você. É só para que movam as pernas...
Passou pelo canil, abriu a porta e soltou o coelho
bem à vista dos cães. Foi uma corrida que só vendo! Mesmo gordos e
preguiçosos, os cães de caça não deixariam escapar um coelho assim sem
mais nem menos! O barão, muito curioso, ansiando por assistir à confusão de
Pedro, estava no caminho dos animais. O coelho passou-lhe por entre as
pernas, e os cães seguiram as pegadas do bichinho, atirando o homem ao
chão e pisando-lhe o rosto. Pobre barão! Como se arrependeu daquela ordem
dada com o único intuito de deixar Pedro em má situação!
Enquanto isso, o coelho corria e pulava, pulava e
corria tal como o bom Deus ensinou aos coelhos. Os cães, desacostumados,
cansaram-se logo. Pedro, calmamente sentado à sombra, esperou a hora da
comida. Vestiu, então, o gorro do cozinheiro e, com uma panela vazia na
mão, começou a andar de um lado para o outro no pátio. Os cães, habituados
a receber a comida das mãos do cozinheiro, gastaram o resto de suas forças
em correr para casa. Assim que entraram,
Pedro atirou fora o gorro e foi dizer ao barão:
–– Já passearam bastante. Qual é a próxima coisa a
fazer?
O barão bufava, mas já tinha pronto outro plano:
mandou Pedro recolher o mel das colmeias, mas não lhe deu luvas nem máscara para
proteger-se, como é de uso nesse serviço.
Cedinho, Malasartes colheu todas as flores que
encontrou e deixou-as junto à janela do barão. Não demorou que as abelhas,
cuja colmeia ficava perto, viessem zumbir em redor daquelas flores e sugar-lhes
o néctar, permitindo que o rapaz recolhesse calmamente o mel. Quando Pedro
voltou, assobiando, todo satisfeito, o barão, admirado, abriu a janela para ver
o que se passava. As abelhas, receosas de que a intenção do homem fosse
expulsá-las, não tiveram pena dele e o castigaram tanto que foi preciso
chamar um médico.
Pedro riu até não poder mais!
Porém, o Rói-unhas, percebendo que lidava com um
jovem muito esperto, tratou de livrar-se dele o quanto antes. Ordenou a Pedro
que levasse a sala para o quarto sem passar pela porta. Estava certo de
que Malasartes não encontraria uma solução.
O rapaz não necessitou de que a ordem fosse
repetida. Tomou o machado e, debaixo do olhar abismado do barão, fez em
pedaços a mesa, as cadeiras, o guarda-comidas, o piano, os quadros, tudo
enfim que se encontrava na sala. Em seguida, pela janela aberta, atirou os pedaços
para dentro do quarto.
–– Pronto, a sala já está todinha no quarto. Agora,
para alegrar o senhor barão, vou trazer todo o quarto para a sala, também
sem passar pela porta. Quer ver?
–– Não, não, pelo amor de Deus! – gritou o barão. –
O que desejo é que você desapareça daqui quanto antes. Tome o seu
dinheiro!
Pedro não aceitou e não saiu dali enquanto o barão
não lhe entregou também o dinheiro devido ao velho criado pelos vinte anos
de bons serviços.
DONATO, Hernani. Novas aventuras de Pedro Malasartes. São Paulo:
Melhoramentos, 2005. p.18-23.
De olho no texto O Barão Rói-unhas e o velho criado
1. Pedro encontrou pelo caminho um homem que reclamava sobre a ingratidão
do patrão. Porque ele reclamava dessa ingratidão?
“–– Pois vou cuidar de emendar esse homem!”
- O que ele quis dizer com isso?
3. Quando foi aceito como empregado, quais foram as condições impostas a
Pedro pelo Barão?
4. Encontre as 3 tarefas dadas a Pedro pelo Barão. Escreva a tarefa e
como Pedro conseguiu cumpri-la.
- 1ª tarefa:
Como a cumpriu:
- 2ª tarefa:
Como a cumpriu:
- 3ª tarefa:
Como a cumpriu:
5. Por que o Barão não quis que Pedro terminasse a última tarefa?
6. No final da história, Pedro consegue resolver o problema do velho
criado que se lamentava?
Como?
7. Como Malasartes resolve os seus problemas?
( ) usa a força bruta
( ) usa de esperteza
( ) usa bons argumentos
8. Nas histórias de Malasartes, quem parece ser o mais esperto no começo
continua sendo no final? Justifique.
Pedro Malasartes
Um dia chegou para Malasartes a hora de ir para o
outro mundo, e de nada lhe valeu a esperteza; teve que marchar. Quando se viu
no estradão da eternidade, pensou no que faria e resolveu, em primeiro lugar,
ir bater à porta do céu.
Lá foi; mas São Pedro, assim que o enxergou,
deu-lhe com a porta na cara. Então deliberou ir ao inferno; foi, bateu, mas o
porteiro, dando com o homem que surrava até os diabos, tratou de fechar o
portão com quantas trancas havia e foi correndo avisar o seu rei.
Houve um rebuliço dos diabos no inferno: pavor e
correrias por todos os cantos. O próprio Satanás tremeu; mas, recuperando
o sangue frio, pensou, pensou e ordenou que se deixasse entrar o hóspede. E
disse-lhe:
– Eu não quero você no inferno, Malasartes; você,
além do que já fez, ainda é capaz de vir aqui revolucionar a minha gente.
– Tenha paciência, seu Satanás, mas aqui
estou e aqui fico.
– Então vou fazer uma proposta: que se decida o seu
destino pela sorte do jogo. Aceita?
– Feito!
– Se você perder, irá diretinho para o caldeirão.
– Está dito. E se eu ganhar, você me paga com uma
das almas que lá estão fervendo.
Começaram o jogo, e cada qual fazia o possível para
passar a perna no outro. Mas Pedro Malasartes era mais esperto e ganhou a
primeira partida, depois a segunda e assim outras. Satanás, vendo que não podia
derrotar o parceiro e que ia perdendo almas sobre almas, postas em liberdade
por Malasartes, mandou botar o insuportável para fora do inferno.
Malasartes andou vagando como alma penada, muito
tempo, sem saber onde havia de se aboletar. Até que um dia teve uma ideia e
tocou de novo para o céu. Chegando à porta do céu, tomou uns ares muito
humildes, e bateu devagarinho. São Pedro abriu um postigo, enfiou a cabeça e
perguntou:
– Quem bate a estas horas?
– Sou eu, meu santo…
– Eu, quem? Diga o que quer, e toca!
– Será possível que o meu santo padroeiro não me
reconheça... Pois eu sou o Pedro Malasartes.
– Malasartes?! Outra vez?! Já não lhe disse que o
seu lugar não é aqui?
– Não se zangue, meu santo, meu grande santo... Sei
muito bem que nunca entrarei neste lugar de glória...
– Então vamos ver, o que quer?
Malasartes, com muita brandura e muita lábia, pediu
ao santo que entreabrisse ao menos a porta, um bocadinho, só para que pudesse
espiar por um momento a beleza do céu. Tanto pediu e tanto fez que São Pedro o
atendeu. Então, mais que depressa Malasartes atirou o chapéu pela fresta.
São Pedro bufou e descompôs o patife, e tanto
barulho fez que começaram a ajuntar-se magotes de anjos e de justos ali junto
da porta.
Acontece que o chapéu era um objeto terreno, além
de estar muito sujo, e ninguém no céu lhe podia tocar. Mas Pedro Malasartes
reclamava o chapéu, não abria mão, e enfim, para encurtar, não houve jeito
senão, permitir-lhe que entrasse. E o malandro entrou, muito contente, com ar
vitorioso.
Mas o atrevimento não ficou sem castigo.
Levaram o tal para junto de um monte enorme de milho e mandaram-no contar os
grãos um por um. Malasartes, que remédio! Começou a contar, a contar, a contar,
e levou um mundo de tempo a amontoar os grãozinhos para um lado.
Quando já estava acabando a contagem, veio um anjo
e misturou tudo. E Malasartes teve de contar de novo… E até hoje lá está
contando e recontando os grãos de milho, sem acabar nunca.
Amadeu Amaral. Três aventuras de Pedro Malasartes
no céu. Disponível em:
<http://www.jangadabrasil.com.br/marco/im70300b.htm>
De olho no texto- Pedro Malasartes
1. No início da história, Pedro teve que ir para o outro mundo. O que
significa isso?
2. Por que Pedro não é bem recebido no céu e tampouco no inferno?
3. Qual foi o trato feito com o diabo para poder entrar no
inferno?
4. Esse trato foi respeitado? Por quê?
5. Como Malasartes consegue entrar no céu?
6. No final da história, como Pedro acaba arrumando um jeito de ficar no
céu para sempre?
7. Como Malasartes consegue vencer o diabo no inferno e entrar no céu?
( ) usa a força bruta
( ) usa de esperteza
( ) usa bons argumentos
8-Conheça outro conto de Pedro Malasartes e circule as 15 palavras que
estão com a grafia errada. Depois reescreva-as corretamente.
Órfão de pai, Malasartes
viu morer sua mãe, ficando muito triste. Mas, semdo ardiloso por natureza,
do próprio cadáver quis aproveitar e ganhar mais dinheiro. Saiu comele e
escondeu-o nuns capims, perto de um pomar. O dono desse pomar era homem
rico e violemto, tendo conprado uma matilha de cachoros ferozes para a defesa
das frutas. Ao anoitecê, Malasartes levô o corpo da velha e sacudiu-o por
cima da cerca. Os cachorros acudirão imediatamente ladrando e mordemdo.
Nesse momento, Malasartes começou a gritá pelo dono do pomar, e quando este
apareceu acusou-o de haver assassinado sua mãe, velhinha inofensiva que
entrara no sítio para apanhar um graveto de lenha. Sabendo da ferocidade
dos cachorros, Malasartes correra para empedir, mas já chegara tarde. O
dono do pomar, cheio de medo, pagou muito dinheiro e aimda encarregou-se
de enterar a velha com toda a decência.
CASCUDO, Luís da Câmara. Contos Tradicionais do
Brasil.(Adaptado para fins didáticos)
A TORRE DAS MIL TRISTEZAS
Um dia, faz
luas e luas, a terceira esposa do califa Harun al-Rachid deu à luz uma princesa
que foi chamada de Maimara. A criança, coitada, era de uma feiura incomum e, ao
crescer, esse defeito só se acentuou. Seu pai, consternado, solicitou a
opinião dos maiores médicos do Oriente. Uns aplicaram à garotinha cremes
unguentos que inflamaram sua pele; outros mais lhe prescreveram tisanas que
turvaram sua tez, amarelando sua língua e desbotaram seus cabelos.
Em suma, os cuidados deles não só foram inúteis como a enfearam mais ainda
– se é que isso era possível.
Diante da
impotência dos remédios terrestres, o califa recorreu ao Céu. Arrecadou
um imposto para construir uma mesquita a fim de atrair as boas graças de
Alá e decretou um jejum ilimitado. De dia como de noite, preces se
elevavam ao Altíssimo. Queimaram incenso, fizeram penitência, sacrificaram
cordeiros recém-nascidos, tudo em vão: a aparência da princesa não melhorou,
muito pelo contrário.
Quando ela fez
quinze anos, sua falta de graça era tanta que, apesar do véu,
ninguém conseguia olhar para ela sem estremecer.
Ora, um dia,
uma velha apresentou-se ao califa.
“Comandante dos
Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio chegou a mim.
Tenho alguns dons legados por minha mãe, que era fada. Quem sabe eu
poderia vir em seu socorro?” Com o coração cheio de esperança, Harun al-Rachid
levou a visitante aos aposentos de sua filha.
Depois de
tê-la examinado por um longo tempo, a velha suspirou: “Infelizmente, o mal é
pior do que eu pensava. Não está em meu poder mudar o seu rosto, minha
pobre filha, a não ser, porém, quando as lágrimas o inundarem. Então, e só
então, as suas deformidades se apagarão e suas feições se tornarão
agradáveis. Mas assim que suas lágrimas secarem, você retornará à
aparência habitual.”
Ao ouvir essas
palavras, a princesa caiu no choro. Logo seu nariz encolheu, seus
lábios afinaram, seus olhos foram rodeados de longos cílios. Faces
delicadas, um lindo queixo redondo, uma fronte lisa e arredondada
substituíram suas feições medonhas. Em suma, ela ofereceu, diante dos olhos
maravilhados de seu pai, o espetáculo encantador de uma beleza sem falhas.
O olhar com que ele
a gratificou era tão eloquente que, sem perder um instante, Maimara pediu
um espelho. Ao ver ali seu deslumbrante reflexo, sentiu tanta alegria que suas
lágrimas secaram. No mesmo instante, assim como a velha previra, ela voltou a
ser feia. A tristeza que sentiu a fez chorar – e, como por encanto, ficou
bonita de novo. O que a alegrou, a enfeou, e assim por diante.
Imaginam-se
facilmente por que pavores passou o califa, testemunha dessas mudanças
sucessivas. Tal como fenômeno “moto-contínuo”, a alternância da beleza e da
feiura da princesa poderia durar eternamente se o pai não lhe tivesse arrancado
o espelho. Então, frustrada, Maimara chorou sem parar, para grande alívio do
pai.
Infelizmente,
quando ficou sabendo do prodígio, toda a corte quis assistir à transformação.
Os nobres se amontoavam em volta da pobre coitada, e o mecanismo infernal
recomeçou. Como os gritos de admiração provocados por sua metamorfose a
consolaram, Maimara reencontrou tanto o sorriso quanto o rosto horroroso. E
esse semblante foi acolhido com exclamações de horror, que a entristeceram. E,
na mesma hora, isso a embelezou. Uma chuva de aplausos saudou a mudança.
Como é de
imaginar, que se divertissem assim com a princesa não foi do agrado do califa.
Portanto, ele logo
dispersou a plateia e, disposto a subtrair Maimara da curiosidade de seu
círculo, mandou trancá-la numa torre alta sem porta nem janelas, tendo como
única companhia uma aia cega.
Passaram-se anos.
Nenhuma visita foi distrair as reclusas, cuja comida era transportada toda
noite dentro de uma cesta presa a uma polia, que elas içavam para seu retiro.
Assim, a não ser o escravo encarregado de abastecê-las, todos a esqueceram.
Naquele triste
lugar, Maimara se aborrecia muito. Chorava sem parar e, por conseguinte, estava
sempre bela – o que, porém, não a alegrava, pois todos os espelhos tinham sido banidos
de seu ambiente. Mas nos países vizinhos correu o rumor de que no reino de
Harun al-Rachid uma princesa de beleza incomum vivia trancada numa torre –
apelidada “torre das mil tristezas” – de onde toda noite escapavam
soluços, quando a moça confiava sua tristeza às estrelas. Esse rumor chegou aos
ouvidos de Omar, príncipe de Samarcanda. De temperamento ardente, ele
resolveu soltar a cativa e torná-la sua esposa.Portanto, partiu numa bela manhã
a fim de realizar seu projeto.
Ao chegar ao pé da
torre, ficou pensando como, afinal, penetraria ali, e de repente apareceu o
escravo que levava as provisões. Quando o escravo dava um grito, a cesta
descia, e ali dentro ele colocava carnes, frutas e vinhos finos; logo que a
cesta estava cheia, subia pelas nuvens.
Foi assim que um plano audacioso
germinou no espírito do príncipe. Ele esperou até o dia seguinte e, no momento
do crepúsculo, deu o grito previsto. No mesmo instante a cesta apareceu. Ele se
meteu ali dentro, baixou a tampa e foi içado para o alto da torre sem que a
aia, que puxava a corda, desconfiasse da trapaça.
Qual não foi a surpresa de Maimara
quando viu surgir um homem, em vez de seu jantar!
O mar, maravilhado
com sua graça – bem superior a tudo o que ele imaginara! – não demorou a
declarar-lhe sua paixão. Ora, toda noite a princesa rezava a Alá para que um
belo rapaz aparecesse e a livrasse de seu destino. Diante da realização de seu
desejo, ela se mostrou transfigurada de felicidade… e ficou mais medonha do que
nunca tinha sido. Quando lhe estendeu os braços cheia de arrebatamento, o
horror do príncipe foi tamanho que ele recuou, tropeçou, caiu no vazio e
quebrou o crânio.
A partir desse dia,
a princesa ficou de luto. Chorar aquele noivo perdido tornou-se seu único
objetivo, sua única ocupação. E, como andava inconsolável, desde então o pai
lhe permitiu voltar para a corte. E enquanto ela se debulhava em lágrimas,
a toda hora, em qualquer lugar e em qualquer circunstância, todos a
invejavam por possuir, apesar da falta de sorte, as três coisas a que a
criatura humana mais aspira: a beleza, o amor e a liberdade.
GODULE. Contos e lendas das mil e uma
noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 165- 172.
De olho no texto - A TORRE DAS MIL TRISTEZAS
1. Qual era o defeito da filha do califa Harun al-Rachid?
2. Procure no texto e liste abaixo algumas das tentativas do
califa para resolver o problema da menina:
a) recorrendo a remédios terrestres:
b) recorrendo ao Céu:
3. Qual a personagem que tenta ajudar o califa? O que ela faz
para amenizar o problema da princesa?
4. A partir desse encanto, explique por que começa a ocorrer a
alternância da beleza e da feiura da princesa. O encanto foi eficiente?
5. Qual o fato que marca a vida da princesa no final, fazendo com
que ela retorne ao castelo? O que a princesa sentiu nesse momento?
6. Esse é um conto que faz parte do livro As mil e uma noites. Se
Sherazade estivesse contando a história, iria usar um recurso para prender a
atenção do rei Shariar. Que recurso seria esse?
7. Se você tivesse que escolher um trecho da história lida para
usar o recurso que Sherazade usa para prender a atenção do rei, que trecho você
escolheria? Justifique sua resposta.
8) O autor escolheu verbos diferentes para indicar as falas das
personagens. Confira:
“Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu
infortúnio chegou a mim”.
Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha suspirou:
“Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava”.
Você já sabe que os verbos dicendi, ou seja, os verbos de dizer,
podem ser diferentes ao longo do texto, para transmitir o que as
personagens fazem, como elas falam ou que estão fazendo. Escolha verbos
diferentes para colocar nos textos abaixo. Mas, atenção: os verbos precisam combinar
com a história!
“Comandante dos Crentes”, ela lhe _________________, “o eco do
seu infortúnio chegou a mim”.
Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha
_______________: “Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava”.
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL DE BIOGRAFIA
Amácio Mazzaropi (1912-1981)
Mazzaropi nasceu
no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Aos 18 anos fugiu de casa para
acompanhar o espetáculo ambulante do faquir Ferris. Viajando pelo interior do país,
teve a ideia de fazer o papel de caipira. Em 1940, criou a sua Companhia
de Teatro de Emergência, que atuava no chamado Pavilhão Mazzaropi,
um barracão de zinco que montava e desmontava.
Depois, criou a Trupe Mazzaropi, com repertório fixo. Em
1948, foi contratado pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro, onde trabalhou no
programa “Rancho Alegre”, dirigido por Cassiano Gabus Mendes.
Convidado pela Vera Cruz, em 1951, fez seu primeiro
filme: Sai da frente. Em 1958, com recursos próprios, comprou uma fazenda
em Taubaté e montou a Pam Filmes —Produções Amá- cio Mazzaropi. O primeiro
filme que fez foi Chofer de praça.
No ano seguinte, com Jeca Tatu, encarnando o
personagem criado por Monteiro Lobato, otípico caipira de calças pula-brejo,
paletó apertado, camisa xadrez e botinas, conquistou a maior bilheteria do
cinema nacional. O sucesso persistiu nas décadas de 1960 e 1970.
A todo, Mazzaropi fez 32 longas-metragens, contando
histórias que abordavam o racismo, a religião, a política e até a ecologia, com
simplicidade e bom humor, falando “a língua do povo”, para o povo que o
adorava. Mesmo sendo considerado superficial pela crítica e pela
elite intelectual, deixou uma marca indelével na cultura nacional. Seus filmes
ainda atraem o público no interior do país e são encontráveis em vídeo e
DVD.
Disponível em:
educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u559.jhtm. Acesso em: maio 2009.
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